12.5.07

Europa nu se mai termina la Viena

Ambasadorul brazilian Gilberto Ferreira Martins (in poza, vorbind cu Parintele Laurentiu la sala tezaurului din Manastirea Caldarusani) s-a nascut in orasul Niterói, in anul 1934. In 1957, s-a licentiat in Drept la Rio de Janeiro. Dupa ce a devenit diplomat, a ocupat posturi importante la sediul Ministerului Relatiilor Externe, in Brasília, precum si la ambasadele braziliene de la Washington, Mexico City, Geneva si Rotterdam. A reprezentat Brazilia pe langa mai multe forum-uri internationale, ca de exemplu UNCTAD, FMI, BIRD, GATT, ILO, WHO si WIPO. A fost Ambasador al Braziliei la Georgetown, Santiago, Libreville si Bucuresti (2003-2004). A desfasurat, de asemenea, numeroase activitati academice la Rio de Janeiro, ca profesor de Filosofia Dreptului, Comert International si Relatii Internationale. Iata mai jos interviul cu care Excelenta Sa a avut amabilitatea sa colaboreze cu blogul nostru.


TPRB
: Excelência, vir chefiar a Embaixada do Brasil em Bucareste coincidiu também com sua primeira viagem à Romênia. Quais são as expectativas de um diplomata brasileiro ao ser enviado para ?
GFM: As expectativas são as que sente o diplomata quando se dirige a um país onde vai servir, principalmente se esse país lhe é desconhecido. O diplomata traz uma boa dose de ansiedade. O que o espera? No caso da Romênia, à vista de seu passado recente, o passado de um país distante e marginalizado pelo regime comunista, as expectativas eram muitas e preocupantes.

TPRB: O senhor certa vez confessou, com tocante sinceridade, num contexto informal, que, para si, até chegar a Bucareste, "a Europa terminava em Viena". O que a experiência romena acrescentou à sua visão de mundo?
GFM: Para mim e para minha família, a experiência romena foi notavelmente enriquecedora. Tínhamos um conhecimento limitado do país, de sua história e de sua cultura. Não esperávamos encontrar um país de cultura tão variada e rica, com uma história fascinante e uma natureza tão contrastante. Bucareste causou-nos, logo, uma forte impressão com seus palácios e palacetes, o traçado de suas largas avenidas, seus parques, a perspectiva de seus monumentos e de suas igrejas centenárias, esquecidos, é claro, os edifícios monstruosos de quem ousou atentar contra sua admirável arquitetura secular. Bucareste mudou uma antiga opinião minha, evoluída desde que conhecera Praga, a de que “a Europa terminava em Viena”.

TPRB: Brasileiros e romenos se alimentam do mito de uma misteriosa semelhança lingüística e mesmo comportamental. Até que ponto são aparentados, ao seu ver, esses dois povos?
GFM: Não creio que haja uma semelhança lingüística e comportamental entre brasileiros e romenos. Semelhança lingüística podemos talvez reconhecer pelo fato de que o romeno sofreu forte influência de Roma e do latim.

TPRB: Durante sua missão na Romênia, o senhor teve ocasião de viajar por quase todo o país e de freqüentar a vida cultural bucarestina intensamente. Passados alguns anos desde sua partida, quais as marcas que ainda restam desse mergulho?
GFM: Como assinalei anteriormente, a cultura e a arte romenas, os diferentes aspectos da vida romena nas diferentes regiões do país, a paisagem natural do país nos surpreenderam. Nossa viagem a Maramures, por exemplo, nos revelou uma face do país difícil de ser entendida se não for vista pessoalmente. A riqueza da arte encontrada nos numerosos Mosteiros ortodoxos nos deixou igualmente uma grande impressão. Guardamos bem viva na memória toda aquela beleza que nem o tempo, para felicidade nossa, conseguiu danificar.

TPRB: Como diplomata experiente, conhecedor da natureza humana e fino observador do mundo, convido o senhor a arriscar um pouco de profecia: dadas as atuais condições internacionais - políticas, militares, geo-estratégicas, ambientais - que futuro estaria reservado à Romênia?
GFM: Não é bom ser profeta, nem em sua própria terra, nem sendo diplomata aposentado. Pode-se, no entanto, desejar que o povo romeno trate de esquecer definitivamente o passado que afastou o seu país do convívio com a comunidade internacional. Com seu potencial econômico, sua posição geo-estratégica, a capacidade e o entusiasmo das novas gerações, a Romênia terá, por certo, uma valiosa contribuição a emprestar à União Européia à qual se incorporou recentemente.

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