30.3.09

Quem inventou a caneta tinteiro?

Na história das invenções e das descobertas nem sempre a memória coletiva registra e divulga os nomes daqueles que, de uma forma ou de outra, têm contribuído - e muito - pelo desenvolvimento material da humanidade. Em alguns casos, ocorre um deselegante e ingrato esquecimento! É o caso do invento da caneta tinteiro, uma invenção muito útil. Quem se lembra do nome do seu inventor? Há algum tempo, andei pesquisando em enciclopédias e diversas fontes históricas. Só encontrei, em todos eles, o véu do esquecimento cobrindo o nome do inventor. Nenhuma referência, nenhuma notícia, nenhuma pista que pudesse localizá-lo no tempo e no espaço. Esclareça-se: com exceção das obras romenas, porque ele nasceu no país de Eugenio Ionesco, Emil Cioran e Mircea Eliade. Chamava-se Petrache Poenaru. Nasceu em 10 de janeiro de 1799, na obscura Benesti, município de Vâlcea e faleceu, em Bucareste, em 2 de outubro de 1875. Polígrafo. Exerceu várias funções, inclusive as pedagógicas. Estudou em várias instituições européias, além de ter palmilhado diversos países da Europa. Pode ser considerado um autêntico iluminista devido a sua insistência em valorizar, aperfeiçoar e difundir a instrução. Bastante cauteloso, persistente e previdente, inventou a caneta-tinteiro, que em boa hora foi registrada em Paris e Viena com o longo titulo de "Condei portaret, fara sfarsit, alimentându-se insusi cu cerneala" (Caneta portátil, inesgotável, alimentando-se a si mesma com tinta), sendo por conseguinte a verdadeira precursora da caneta-tinteiro, antepassada das nossas modernas esferográficas. Revelou-se um espírito bastante cauteloso ao realizar duas viagens - uma a Paris e outra a Viena - com a única finalidade de ali registrar o seu importante e curioso invento, conseguindo, deste modo, livrar-se dos piratas que inescrupulosamente costumam furtar as criações alheias com frieza e descaramento. Com certa freqüência, os periódicos romenos vêm estampando o respectivo diploma do registro daquele objeto ("brevet").

Não fora este gesto de seu país, talvez o nome dele já estivesse sepultado para sempre no limbo do esquecimento. Aliás, nunca seria demasiado repetir que, infelizmente, os países periféricos são injustiçados pelas maquinações das nações ditas hegemônicas, pois estas estão sempre olhando para os próprios umbigos, não cedendo, portanto, muito espaço para que os valores culturais de outros povos sejam melhor conhecidos. Estes últimos, por isto mesmo, são vitimas do imperialismo cultural, uma das vertentes do imperialismo em geral. Trata-se pois de autêntica asfixia que atinge os países da periferia em relação aos donos do mundo.

A caneta tinteiro, invenção romena, utilizada no mundo inteiro, foi vitima da ingratidão, traço negativo que atingiu até mesmo as grandes fábricas de canetas-tinteiros e/ou esferográficas que nas suas propagandas jamais se lembraram de citar ou divulgar o nome do seu inventor. Será que elas acham que este instrumento surgiu por ele mesmo, espontaneamente, como se fosse um cogumelo?

É preciso louvar esta invenção romena, hoje utilizada no mundo inteiro e recordar o pensamento do Padre Antônio Vieira. "A gratidão é a memória do coração".

Obrigado, Petrache Poenaru! Escrevi esta minicrônica utilizando uma caneta esferográfica, filha (ou neta) da caneta que você presenteou ao mundo, em pleno século XIX! Obrigado! Muito obrigado!

Fonte: Reprodução do artigo Quem inventou a caneta tinteiro?, de autoria do Professor Ático Vilas-Boas da Mota, publicado em 6 de março de 2009 na rubrica Janela Cultural da Rádio Melodia

26.3.09

Pura invenção irlandesa

O poder da imaginação não tem limite, o que nos faz lembrar a costumeira assertiva: Fulano tem uma imaginação fértil, correspondendo ao que os nossos irmãos argentinos preferem dizer: uma imaginação frondosa. Alguns escritores, em quaisquer partes do mundo, usam e abusam deste valor e chegam aos desbragados confins do sonho e da fantasia, sacrificando, na maioria dos casos, o mínimo compromisso com a verossimilhança. Foi o que aconteceu, no fim do século XIX, com o ficcionista irlandês (Abraham) Bram Stoker (1843-1917) ao elaborar o seu famoso ou famigerado romance vampiresco: Conde Drácula (1897) que ultrapassou as fronteiras da realidade histórica e trabalhou apenas com a hiperfantasia. O seu romance - diz-se - foi inspirado na discutida figura de Vlad Tepes (O Empalador), voivoda do País Romeno (Tara Româneasca), posteriormente conhecido como Transilvânia [nota do editor: o autor deve ter-se confundido, pois Tara Româneasca equivale à Valáquia, atual Romênia meridional, ao passo que a Transilvânia constitui uma outra região histórica, que compreende grosso modo o atual centro-oeste romeno]. Este personagem, apesar de muito severo, foi um grande defensor de seu país e, por conseguinte, de seu povo oprimido pela desconfortável dominação turca. Abominava os desonestos e, segundo a tradição oral, de sua ira não escaparam sequer alguns de seus ministros. Vale a pena reafirmar que, apesar de seus gestos pouco cristãos, conforme testemunhos da oralidade, tinha pelo menos uma obsessiva virtude: a sede de liberdade, tendo sabido lutar por ela, conseguindo algumas vitórias em sangrentas batalhas contra os dominadores.

O apodo de Drácula foi herdado do seu pai Vlad II, Dracul (= o dragão, mas também o diabo). Este personagem era tão áspero quanto o filho, conforme a opinião dos camponeses romenos. Mas o nome pode estar ligado ao fato de ter sido membro de uma sociedade cristã romana chamada Ordem do Dragão.

A ficção de Stoker não tem qualquer compromisso com a verossimilitude, haja vista que na nobiliarquia romena nunca se usou o título de conde.

Visitei o castelo Bran, suposta residência do Drácula, embora ali tivesse sido um mero posto alfandegário onde ele passava algum tempo. Viveu sempre em Bucareste (Capital da Muntênia, hoje parte integrante da Romênia e ali se pode contemplar ainda as ruínas de sua residência voivodal (Sic transit mundi). Acha-se sepultado numa cidadezinha (Snagov), nos arredores da capital romena (Sic transit gloria mundi).

A imprensa internacional hodierna, dando prosseguimento à visão de Stoker, noticiou, há pouco tempo, que "na sepultura de Vlad Tepes foram encontrados apenas ossos de cavalo!"

Fonte: Reprodução do artigo Conde Drácula, Pura Invenção Irlandesa, de autoria do Professor Ático Vilas-Boas da Mota, publicado em 18 de janeiro de 2009 na rubrica Janela Cultural da Rádio Melodia

Lispector e Bucareste

Uma das mais aclamadas escritoras brasileiras, Clarice Lispector (1920-1977), nasceu num vilarejo ucraniano no meio da viagem emigratória que sua família empreendia a partir da Rússia czarista rumo ao continente americano.

A estada em Bucareste, no ano de 1922, foi crucial para o seu destino: foi ali, na Legação da Rússia (foto), que Pinkus Lispector, seu pai, obteve o passaporte de viagem para a família prosseguir ao Brasil via Hamburgo.

A bela casa onde funcionava a Legação, antiga residência da família nobre romena Cantacuzino, foi posteriormente comprada pelo príncipe sérvio Obrenovici, que a doou ao Governo russo. Ela foi mais tarde vendida pelo então Governo soviético e demolida em meados da década de 1930, tendo-se construído em seu lugar um edifício localizado atrás do Hotel do Boulevard, na Calea Victoriei esquina com a Rua Eforie.

25.3.09

Conde & Drácula

Eis aqui mais um valioso elo perdido extraordinário encontrado nas incessantes e incansáveis escavações arqueológicas dedicadas às relações culturais romeno-brasileiras: o disco da dupla sertaneja Conde & Drácula, de 1974.

As faixas são as seguintes:

01 Tá Faltando Homem
02 Carimbó do Marajó
03 De Cabaré em Cabaré
04 Nem lá nem cá
05 Bruxa Feiticeira
06 O Tropeiro
07 Café do Paissandú
08 Vira Fazendeiro
09 O Corvo
10 Véu de Noiva
11 A Noite dos Vampiros
12 Cavalo de Aço
Faça o download do disco integral em formato .zip aqui

Fonte: Blog de música sertaneja Saudade Da Minha Terra

23.3.09

Rei romeno: bisneto do imperador brasileiro

Muito se escreveu sobre as relações Brasil-Romênia, num árduo exercício semelhante à extração de leite de pedra. Os dois países, tão distantes um do outro, dificilmente poderiam exibir pontos essenciais em sua parca história comum. O monótono garimpo, entretanto, vez ou outra traz à tona uma pepita digna de interesse. Desta vez, trata-se de um parentesco direto entre dois monarcas, um brasileiro e outro romeno, de cuja menção não tenho conhecimento em nenhum livro ou artigo dedicado aos laços entre ambos os países.

Eis que pesquisando, por simples curiosidade, a genealogia do Rei Fernando I (1865-1927) da Romênia, descubro que ele é, por parte de avó materna, bisneto de Dom Pedro I, Imperador do Brasil!

Explico: Fernando de Hohenzollern-Sigmaringen era filho de Dona Antónia de Bragança que, por sua vez, era filha de Dona Maria II, Rainha de Portugal, filha do Imperador Pedro I!

21.3.09

Romenos do oeste de Santa Catarina

A Associação dos Romenos Bessarabianos do Extremo Oeste de Santa Catarina realiza seu registro na Associação dos Romenos fora da Romênia e entrega documentário histórico no Consulado Geral da Romênia no Rio de Janeiro.


Nos dias 1 e 2 de março, os representantes da associação, Edson Roberto Dreher, Everton Cristiano Dreher, Canísio Muller e Florentina Muller Grulhke, acompanhados do Cônsul Honorário da Romênia em Curitiba, Orcival Henning, foram recebidos no Consulado-Geral da Romênia no Rio de Janeiro pela Consulesa Alina Dociu.

Na ocasião, foi entregue toda a documentação necessária para o cadastramento e registro da Associação na entidade dos romenos fora da Romênia. Igualmente foi entregue o documentário de 30 minutos produzido pela Associação, o qual comprova a imigração Romena no Extremo Oeste de Santa Catarina, e ainda demonstra o envolvimento nas diversas atividades sociais, econômicas e culturais. "Estes encaminhamentos e registros poderão servir de porta de entrada para futuras relações internacionais", salientam os representantes.

A Associação dos Romenos no Extremo Oeste de Santa Catarina foi fundada no ano de 1989, tendo como sócios fundadores um total de 311 famílias, somando mais de mil associados entre a primeira e segunda geração no Brasil. Anualmente, a associação realiza o encontro regional, envolvendo cinco municípios: Itapiranga, Mondaí, São João do Oeste, Iporã do Oeste e Tunápolis. O último encontro foi realizado em Mondaí em novembro de 2008, com a presença do Cônsul Honorário Orcival Henning. Esta é a primeira Associação de Romenos no Brasil a efetuar o registro na Associação dos Romenos fora da Romênia, e ainda, segundo a Consulesa, este é o primeiro documentário do mundo, que se tem conhecimento, a ser apresentado ao governo romeno. Portanto, é um momento histórico e significativo para a Associação dos Romenos dos cinco municípios que integram a entidade.

Fonte: artigo Associação dos Romenos encaminha registro e documentário no RJ, publicado em 13 de março de 2009 pela Folha do Oeste.

1.3.09

O espírito de Gherasim Luca

A Revista de Cultura Agulha no. 57, edição de maio/junho de 2007, publicada em São Paulo e Fortaleza, traz um artigo dedicado à poesia do escritor romeno Gherasim Luca, de autoria de Floriano Martins, intitulado Caminhando com o espírito de Gherasim Luca.

Leia aqui o artigo integral, que se desenvolve em torno da interessante análise de um artigo de Augusto de Campos intitulado Gherasim Luca, dessurrealista, publicado pelo Suplemento Literário de Minas Gerais, em sua edição de número 1301 (Belo Horizonte, abril de 2007).

Líder espiritual romena no Brasil

Mirella Faur nasceu na Transilvânia, lendária e misteriosa região da Romênia, e sua infância foi permeada de contos de fada, mitologia e contos populares. Anos mais tarde, já no Brasil, para onde veio com a família em 1964, sua ânsia de conhecimento se ampliou e ela ingressou na leitura voraz a respeito de todos os assuntos esotéricos: espiritismo, doutrinas e práticas orientais, numerologia, astrologia, parapsicologia e ufologia.

Ela é iniciadora do movimento da espiritualidade feminina em Brasília, com os rituais públicos dos plenilúnios, as celebrações da Roda do Ano, os grupos de estudos e a realização de ritos de passagem. É autora dos livros O Anuário da Grande Mãe, Rituais práticos para celebrar a Deusa, O legado da Deusa. Ritos de passagem para mulheres e Mistérios nórdicos. Mitos. Runas. Magias. Rituais, bem como de diversos artigos em publicações nacionais e estrangeiras. Sua formação é em Farmácia Química, com especialização em Farmacodinâmica e Microbiologia.

Fonte: Teia de Thea