26.9.08

Brazilia - de la sclavie la supertehnologie (3)

Reproduc, mai jos, partea III si ultima a articolului Agricultura braziliana - de la sclavie la supertehnologie, scris de Sorin Manea, publicat in 11 aprilie 2008 de Saptamana Financiara:

România, mai catolică decât Papa
În Uniunea Europeană, porumbul modificat genetic a fost avizat încă din anul 1998, iar odată cu aderarea României, porumbul modificat si-a făcut apariţia în culturile românesti. Produsul agreat este BT MON 80, realizat de compania Monsanto, si a fost cultivat pe 300 de hectare în primul an. Pentru acest an, specialistii de la Monsanto susţin că cererea indică o suprafaţă cultivată de peste 10.000 hectare. „Tot porumbul României a ocupat anul trecut o suprafaţă de 2.470.000 hectare. În schimb, intrarea în UE a întrerupt în România cultivarea de soia modificată genetic, pentru că nu a existat o avizare pe legislaţia europeană, desi dosarul a fost depus spre aprobare“, spune Ioan Sabău, consultant al firmei Monsanto în România. Cu toate acestea, porumbul modificat genetic a dat nastere unor dispute inutile, din care reiese că modificarea genetică este dăunătoare consumatorului. Geneticienii din toată lumea au demonstrat că acestea sunt doar presupuneri simpliste si că o astfel de modificare nu are nimic în comun cu alte organisme. Mai mult, cât timp piaţa cere, în special cea din Asia, mai precis China, a nu folosi un produs competitiv chiar si la export este echivalent cu sinuciderea.

Probleme de infrastructură
Brazilia a înţeles destul de repede nevoia de a se implica în această piaţă si face jocurile alături de SUA. Dacă Brazilia ar fi avut o infrastructură mai bună, atunci cu siguranţă costurile totale si timpii de transport ar fi dus la un preţ al porumbului fără rival în lume. De fapt, aceasta este marea durere în „ţara cafelei“. Transportul aerian de persoane este foarte bine dezvoltat. Nici transportul rutier nu este de neglijat, dar, spre comparaţie, densitatea autostrăzilor este de 3,4 km/1.000 kmp faţă de 29,8 km/1.000 kmp în SUA. Nenorocirea este că doar 24% din transporturile de mărfuri sunt realizate pe cale feroviară, 62% pe cale rutieră (pe autostrăzi) si 14% pe cale navală. Prin comparaţie, Rusia desfăsoară 81% din transporturile de mărfuri pe cale feroviară, doar 8% pe autostrăzi si 11% pe apă, ceea ce demonstrează că are cele mai reduse costuri de transport dintre marile puteri mondiale.

Visează să conducă lumea
Brazilienii îsi ascund foarte bine potenţa financiară, fiind suficient de simpli si umili, dar planurile lor de a conduce lumea alături de SUA sunt clare. O dovadă în acest sens este faptul că însusi presedintele George Bush a semnat, în urmă cu un an, un acord în domeniul biocombustibililor cu omologul său brazilian, Luiz Inácio Lula da Silva. Recunoasterea americanilor pentru capacitatea inovativă a brazilienilor este contestată de multe alte ţări, care susţin ideea că poluarea va rămâne la cote ridicate prin lucrarea culturilor, iar biocombustibilii nu vor face decât să scadă interesul pentru petrol si să forţeze scăderea acestuia la bursă, scădere care ar provoca cresterea preţului porumbului si o criză de foamete pe glob.

23.9.08

Atentie calatori!

S-a lansat anul acesta ceea ce cred ar fi primul ghid turistic despre Brazilia aparut vreodata in Romania. Este vorba de Ghid Complet Brazilia, publicat de editura Aquila din Oradea.

3.9.08

Virgil Gheorghiu (1916-1992)

Reproduzo, abaixo, artigo A Vigésima-Quinta Hora, de Virgil Gheorghiu, assinado por Celso Augusto Uequed Pitol e publicado em 15 de julho de 2008 em Perspectiva:

Pouco se sabe da Romênia no Ocidente e menos ainda neste cantinho mal afamado chamado Brasil. A etimologia nos remete a uma origem latina presente no radical “Rom”, o mesmo de “Roma”, “romanos” e “romance”. Abrimos um livro de história e descobrimos que, de fato, os romanos lá estiveram, primeiro sob as ordens de Roma, do ano 10 até o 410, e depois sob as de Bizâncio, até 1456. São, portanto, quatorze séculos de civilização latina, mais do que a maior parte dos países ocidentais. Concluímos que o radical “rom”, de romanos, é também o de romenos - aliás, desde o século VII, quando foi utilizado pela primeira vez. Por fim, desdobramos um mapa-múndi e direcionamos nossos olhos para o Leste Europeu, onde o nome do pequeno país aparece. Então nos damos conta de que este pequeno país latino está cercado por alemães, húngaros e vários povos eslavos, os quais o separam, por pouco, da Turquia e dos países do Oriente Médio. E foi neste país latino, circundado por vizinhos que circunstâncias históricas transformaram ora em aliados, ora em inimigos ou dominadores, que produziu o maior romance - ou o maior testemunho - acerca da barbárie que esteve perto de destruir toda a civilização que a Romênia carrega em seu nome: este romance é “A Vigésima-Quinta Hora”, de Virgil Gheorghiu.

Na epígrafe da edição portuguesa - traduzida por ninguém menos do que Vitorino Nemésio - há uma citação de Toynbee que diz o seguinte: “a história, como drama, é como o romance - filha da mitologia. Escrever a história é, também, fazer ficção: selecionam-se fatos, enfatizam-se alguns deles, interpretam-se outros. A “Ilíada” pode contar a história da Guerra de Tróia e “Guerra e Paz”, a das invasões napoleônicas na Rússia; a história da Segunda Guerra e de seus efeitos produzidos na alma dos homens, é o que - também - nos conta Virgil Gheorghiu, o romeno Virgil Gheorghiu, habitante de um país cristão e latino cercado por inimigos. Cristão e latino, isto é, ocidental - só que o Ocidente já esqueceu o que é ser cristão e latino. Na Europa Oriental, entretanto, o legado se conservou, fortalecido pela dura resistência ao avanço dos turcos otomanos - uma resistência, antes de tudo, interior: mesmo após terem sido conquistados pelo Império Otomano, os romenos não abandonaram o cristianismo. Que diferença dos seus vizinhos, tão facilmente convertidos às religiões materialistas inventadas depois do Iluminismo, como adolescentes imaturos às ordens de uma nova gangue! O termo “gangue” cabe bem aqui. Pois o nazismo, o fascismo e o comunismo têm o mesmo poder de atração dos gângsters; seduzem pela violência injustificada, pela lei do mais forte, pelo assassíno em nome da causa - e um assassínio desses, amparado por uma causa sem sentido, e, também ele, sem sentido.

Diante dessas gangues, os romenos não capitularam. Romenos como Johann Moritz, o personagem central de “A Vigésima Quinta-Hora”. Moritz vive numa pequena aldeia da Transilvânia, interior da Romênia. Seu único desejo, como todo aldeão romeno, é manter sua casa, casar com a mulher amada, ter uma boa família e seguir os 10 mandamentos. Nada mais do que isso. Aparentemente, não há nada de errado com Moritz. O seu problema foi ter vivido durante a Segunda Guerra Mundial sendo quem é - um cidadão comum que não empunhava bandeira alguma. Sem manifestar qualquer simpatia por causas maiores, Moritz é sucessivamente perseguido por nazistas, comunistas e democratas ocidentais, acusado de judaísmo (por ser amigo de judeus), reacionarismo (por ser cristão) e comunismo (por ter o azar de ter sido preso junto com eles). Ele não entende praticamente nada do que está acontecendo à sua volta - e, mesmo assim, jamais, em momento algum, deixa de ser quem é. Intuitivamente. Sem levantar bandeiras, sem proclamar nada, sem autoproclamar-se nada. Moritz é apenas um indivíduo solitário oprimido entre mundos que não o compreendem e que ele não compreende. Assim como a própria Romênia, país latino entre não-latinos, pobre entre europeus ricos e corajosamente cristão entre ateus.

1.9.08

Pescador romeno de pérolas brasileiras

Leon Barg, filho de judeus romenos, nasceu no Recife e mora em Curitiba (onde conheceu Eva, com quem viria a se casar três anos depois) desde 1954. Ainda na capital pernambucana, aos 14 anos, comprou seu primeiro disco, com, em suas próprias palavras, “o primeiro cruzeiro que ganhei”. O disco era de Francisco Alves, mas Leon não tinha gramofone e o ouvia na casa de amigos. Em 1987 ele criou o selo Revivendo Músicas, que tem se dedicado a lançar em CD gravações da música brasileira da primeira metade do século XX, com destaque para as décadas de 30 e 40, os chamados “anos dourados” da nossa música popular.Hoje a coleção conta com 33 mil discos (66 mil títulos, já que os antigos 78 rpm tinham uma faixa de cada lado), é a base dos lançamentos do selo, e que está espalhada por vários cômodos e até um dos banheiros da sede da Revivendo. De cada disco, feitos à época de material quebradiço e cujas cópias apresentam por vezes defeitos, ele procura ter dois ou três exemplares, dizendo que “quem tem um, não tem nenhum”. Leon e sua equipe (Fabrício e Giovana) fazem os discos passar por um sistema de “limpeza” do som, a fim de recuperá-los e remasterizá-los para serem lançados em CD.

Por ajudar na compreensão da essência da nossa identidade cultural por meio da memória da canção popular é que o trabalho de Leon Barg e da Revivendo tem importância fundamental. Importância que cresce quando se leva em conta que a manutenção e a divulgação desse acervo vêm sendo feitas sem qualquer tipo de ajuda oficial, graças principalmente ao arrojo de um único indivíduo, que conta com suas duas filhas e seis funcionários, além de pequenas colaborações de amigos que Leon tem feito ao longo de suas andanças por um país que ele ajuda, com seu trabalho, a redescobrir.

Fonte: artigo O Pescador de Pérolas, publicado na Carta Capital