Reproduzo, abaixo, fragmento de recente entrevista realizada e publicada pela escritora e tradutora brasileira Sonia Coutinho, em 25 de maio de 2009, com o poeta e tradutor romeno Dinu Flamând, conhecido também por ter traduzido para o romeno textos do poeta português Fernando Pessoa e do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade:
" (...) O livro mais antigo do meu avô datava de 1710. Ele é sempre o orgulho da minha biblioteca. É um breviário de preces, escrito num bizarro alfabeto de transição: palavras com caracteres latinos na transcrição cirílica. Meu avô era um camponês que se tornou diácono só para cantar na igreja todo domingo. Ele me ensinou o alfabeto antes que eu chegasse à idade escolar.
(...) Nossa região [a Transilvânia] é muito rica em escritores. O maior romancista clássico da literatura romena, Liviu Rebreanu, tinha vivido numa aldeia a 15 quilômetros da minha. Bem perto de mim tinha passado sua infância um grande poeta popular, George Cosbuc, cujos poemas mais conhecidos eram cantados pelos camponeses, entre eles minha mãe. Eram quadros idílicos – a moça que abandona bruscamente seu trabalho de tecer porque ouve o barulho do chicote do seu namorado, que conduz o rebanho para a aldeia (até parece “O guardador de rebanhos”, de Fernando Pessoa!). Muito depressa, identifiquei a poesia como uma espécie de elegância do falar.
(...) Bem mais tarde, descobri a poesia hermética e o modernismo, Rilke, Trakl, Saint-John Perse, para voltar ao romantismo e ao simbolismo, depois de ter engolido avidamente Tzara, que era proibido, Whitman, graças à mesma antologia [de poesia norte-americana], Eminescu, Barbu, Bacovia, Blaga (quatro dos maiores poetas romenos), Leopardi ou então Kavafis... (...)"
Fonte: Jornal Sidarta
" (...) O livro mais antigo do meu avô datava de 1710. Ele é sempre o orgulho da minha biblioteca. É um breviário de preces, escrito num bizarro alfabeto de transição: palavras com caracteres latinos na transcrição cirílica. Meu avô era um camponês que se tornou diácono só para cantar na igreja todo domingo. Ele me ensinou o alfabeto antes que eu chegasse à idade escolar.
(...) Nossa região [a Transilvânia] é muito rica em escritores. O maior romancista clássico da literatura romena, Liviu Rebreanu, tinha vivido numa aldeia a 15 quilômetros da minha. Bem perto de mim tinha passado sua infância um grande poeta popular, George Cosbuc, cujos poemas mais conhecidos eram cantados pelos camponeses, entre eles minha mãe. Eram quadros idílicos – a moça que abandona bruscamente seu trabalho de tecer porque ouve o barulho do chicote do seu namorado, que conduz o rebanho para a aldeia (até parece “O guardador de rebanhos”, de Fernando Pessoa!). Muito depressa, identifiquei a poesia como uma espécie de elegância do falar.
(...) Bem mais tarde, descobri a poesia hermética e o modernismo, Rilke, Trakl, Saint-John Perse, para voltar ao romantismo e ao simbolismo, depois de ter engolido avidamente Tzara, que era proibido, Whitman, graças à mesma antologia [de poesia norte-americana], Eminescu, Barbu, Bacovia, Blaga (quatro dos maiores poetas romenos), Leopardi ou então Kavafis... (...)"
Fonte: Jornal Sidarta
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