Na história das invenções e das descobertas nem sempre a memória coletiva registra e divulga os nomes daqueles que, de uma forma ou de outra, têm contribuído - e muito - pelo desenvolvimento material da humanidade. Em alguns casos, ocorre um deselegante e ingrato esquecimento! É o caso do invento da caneta tinteiro, uma invenção muito útil. Quem se lembra do nome do seu inventor? Há algum tempo, andei pesquisando em enciclopédias e diversas fontes históricas. Só encontrei, em todos eles, o véu do esquecimento cobrindo o nome do inventor. Nenhuma referência, nenhuma notícia, nenhuma pista que pudesse localizá-lo no tempo e no espaço. Esclareça-se: com exceção das obras romenas, porque ele nasceu no país de Eugenio Ionesco, Emil Cioran e Mircea Eliade. Chamava-se Petrache Poenaru. Nasceu em 10 de janeiro de 1799, na obscura Benesti, município de Vâlcea e faleceu, em Bucareste, em 2 de outubro de 1875. Polígrafo. Exerceu várias funções, inclusive as pedagógicas. Estudou em várias instituições européias, além de ter palmilhado diversos países da Europa. Pode ser considerado um autêntico iluminista devido a sua insistência em valorizar, aperfeiçoar e difundir a instrução. Bastante cauteloso, persistente e previdente, inventou a caneta-tinteiro, que em boa hora foi registrada em Paris e Viena com o longo titulo de "Condei portaret, fara sfarsit, alimentându-se insusi cu cerneala" (Caneta portátil, inesgotável, alimentando-se a si mesma com tinta), sendo por conseguinte a verdadeira precursora da caneta-tinteiro, antepassada das nossas modernas esferográficas. Revelou-se um espírito bastante cauteloso ao realizar duas viagens - uma a Paris e outra a Viena - com a única finalidade de ali registrar o seu importante e curioso invento, conseguindo, deste modo, livrar-se dos piratas que inescrupulosamente costumam furtar as criações alheias com frieza e descaramento. Com certa freqüência, os periódicos romenos vêm estampando o respectivo diploma do registro daquele objeto ("brevet").
Não fora este gesto de seu país, talvez o nome dele já estivesse sepultado para sempre no limbo do esquecimento. Aliás, nunca seria demasiado repetir que, infelizmente, os países periféricos são injustiçados pelas maquinações das nações ditas hegemônicas, pois estas estão sempre olhando para os próprios umbigos, não cedendo, portanto, muito espaço para que os valores culturais de outros povos sejam melhor conhecidos. Estes últimos, por isto mesmo, são vitimas do imperialismo cultural, uma das vertentes do imperialismo em geral. Trata-se pois de autêntica asfixia que atinge os países da periferia em relação aos donos do mundo.
A caneta tinteiro, invenção romena, utilizada no mundo inteiro, foi vitima da ingratidão, traço negativo que atingiu até mesmo as grandes fábricas de canetas-tinteiros e/ou esferográficas que nas suas propagandas jamais se lembraram de citar ou divulgar o nome do seu inventor. Será que elas acham que este instrumento surgiu por ele mesmo, espontaneamente, como se fosse um cogumelo?
É preciso louvar esta invenção romena, hoje utilizada no mundo inteiro e recordar o pensamento do Padre Antônio Vieira. "A gratidão é a memória do coração".
Obrigado, Petrache Poenaru! Escrevi esta minicrônica utilizando uma caneta esferográfica, filha (ou neta) da caneta que você presenteou ao mundo, em pleno século XIX! Obrigado! Muito obrigado!
Fonte: Reprodução do artigo Quem inventou a caneta tinteiro?, de autoria do Professor Ático Vilas-Boas da Mota, publicado em 6 de março de 2009 na rubrica Janela Cultural da Rádio Melodia
Não fora este gesto de seu país, talvez o nome dele já estivesse sepultado para sempre no limbo do esquecimento. Aliás, nunca seria demasiado repetir que, infelizmente, os países periféricos são injustiçados pelas maquinações das nações ditas hegemônicas, pois estas estão sempre olhando para os próprios umbigos, não cedendo, portanto, muito espaço para que os valores culturais de outros povos sejam melhor conhecidos. Estes últimos, por isto mesmo, são vitimas do imperialismo cultural, uma das vertentes do imperialismo em geral. Trata-se pois de autêntica asfixia que atinge os países da periferia em relação aos donos do mundo.
A caneta tinteiro, invenção romena, utilizada no mundo inteiro, foi vitima da ingratidão, traço negativo que atingiu até mesmo as grandes fábricas de canetas-tinteiros e/ou esferográficas que nas suas propagandas jamais se lembraram de citar ou divulgar o nome do seu inventor. Será que elas acham que este instrumento surgiu por ele mesmo, espontaneamente, como se fosse um cogumelo?
É preciso louvar esta invenção romena, hoje utilizada no mundo inteiro e recordar o pensamento do Padre Antônio Vieira. "A gratidão é a memória do coração".
Obrigado, Petrache Poenaru! Escrevi esta minicrônica utilizando uma caneta esferográfica, filha (ou neta) da caneta que você presenteou ao mundo, em pleno século XIX! Obrigado! Muito obrigado!
Fonte: Reprodução do artigo Quem inventou a caneta tinteiro?, de autoria do Professor Ático Vilas-Boas da Mota, publicado em 6 de março de 2009 na rubrica Janela Cultural da Rádio Melodia
Un comentariu:
Eh um absurdo que um homem tao completo, e a frente do seu tempo, continue na obscuridade . E ele nao eh o unico. Sao tantos os romenos que trouxeram ao mundo inventos e descobertas fantasticas. Como eh possivel que exista ainda tanta ignorancia istorica. irmaos Wright, Santos Dumont....vcs ja ouviram falar em Traian Vuia, Aurel Vlaicu, Henry Coanda ? A lista e suas biografias daria um blog. Vlad Radu Poenaru vlad.poenaru@bol.com.br
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